São muitas as camadas das pinturas de Ana Elisa Murta.
E também do processo de produção de suas obras.
Começando pelo desenvolvimento de suas próprias tintas: ela voltou séculos na história para encontrar pigmentos naturais que pudessem se transformar em matéria-prima para sua prática artística. Com isso, Ana Elisa selou seu compromisso com práticas ambientais sustentáveis, ao mesmo tempo que aborda questões sobre ancestralidade, posicionamento e gênero.
A beleza de Ana Elisa Murta e de sua obra reside na autenticidade que ela cultiva. É ali, transformando uma
velha mesa de ping-pong em tela ou fazendo da tela em branco um caleidoscópio de emoções, que ela exerce seu instinto criativo, sua liberdade de experimentar,

sua necessidade de expressão. Se de um lado se impõe o impulso para deixar fluir o espírito livre, de outro emerge o desejo da harmonia (ainda que seja uma harmonia inquieta) através da busca de tonalidades e proporções onde, como ela gosta de mencionar, até o vermelho e o preto podem dar certo juntos. Não por acaso, sua exposição tem o título Colour Diving (Mergulho em Cores), convidando o observador para uma imersão em sua rica paleta de cores e texturas.

A trajetória de Ana Elisa passa pela menina que retratava sua vida rabiscando histórias em quadrinhos

até a advogada tributarista bem sucedida.
A arte a acompanha desde sempre, inclusive como eficaz ferramenta terapêutica em momentos traumáticos, mas a vida acabou arrastando-a para a carreira corporativa.


Até que um dia, ela teve um momento decisivo: explodir ou implodir. Foi quando, à beira dos 40 anos, decidiu definitivamente abandonar a cadeira do escritório para deixar jorrar sua sensibilidade através
dos movimentos dos pincéis e espátulas.


No entanto, ela logo se viu paralisada. Ana Elisa desenvolveu uma alergia às tintas disponíveis, o que poderia se tornar um impedimento para a prática artística que durante tanto tempo ela havia relutado em abraçar. Olhando para a história da arte e caminhando pela fazenda onde ela cresceu, encontrou na natureza a solução.

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Começou a criar tintas com aqueles minerais que forjaram suas memórias. Depois de testar várias composições, Ana Elisa encontrou a fórmula que deu tão certo que ela passou a fornecer materiais como mica, quartzo e hematita para a produção de tintas a óleo.


Colour Diving é um convite para explorar o mundo de Ana Elisa Murta, onde as tintas ganham vida a partir da natureza e cada obra é uma jornada através das texturas e das camadas de significado que a artista mineira infunde em suas pinceladas.

Uma jornada inspirativa de uma mulher que seguiu seu coração e acolheu sua alma mostrando que, muitas vezes, não há nada mais autêntico do que respeitar sua própria verdade.